terça-feira, 2 de outubro de 2012

What to Do?



 Como eu queria não estar ali naquele momento, eu sabia que aulas de educação física não eram o meu forte, eu era bom em natação e em fotografia, mas não conseguia nem de fato segurar uma bola como os outros garotos.
- Vamos, vem logo – Ouvi Donald falar, mas eu não queria tanto aquilo que fiz meu corpo ficar paralisado.
- Não consigo! – Praticamente gritei olhando para as cores do assoalho da quadra.
- Você consegue sim, pare com isso – Disse Donald rindo – Serio, eu vou quebrar a sua câmera se você não andar até a merda daquela quadra e segurar aquela bola. Se não eu te forço a pegar nas minhas por uma hora.
- Acha que se eu fizer isso eu passo em Educação Física? – Perguntei encarando meu melhor amigo por um tempo.
 Acho que Donald pensou bastante antes de me responder qualquer coisa, mas então ele revirou os olhos e me deu um empurrão em direção à quadra. – Anda logo seu esquisito.
 O jogo começou e pareceu que foi o fim de minha vida naquele momento, eu queria realmente não estar ali, mas eu sabia que depois de começar a jogar eu iria me soltar, eu tinha medo e isso era tudo.
 Mas nem tudo o que queremos da certo.
 Adam acabou me acertando com a bola na cara e eu cai, batendo a cabeça bem mais forte do que eu espera na quadra, eu não estava me sentindo muito bem naquele momento, eu estava começando a sentir que minha cabeça estava repousada em uma poça d’agua que o zelador provavelmente não havia limpado, mas quando vários garotos do time e o treinador chegaram pelos seus olhares, eu sabia que nada de bom havia acontecido.
- Ai meu deus, meu filhinho – Eu ouvi minha mãe gritar assim que entrou na enfermaria da escola.
- Senhora, por favor. Preciso que vá lá pra fora.
- Ele é meu filho! – Berrou ela com a enfermeira.
- E eu preciso de paz para poder costurar a cabeça dele, se a senhora começar a gritar eu juro que lhe sento a mão na cara.
 É claro que minha mãe se retirou da sala, e eu sabia que depois a pobre enfermeira iria ouvir bastante de meu pai, que provavelmente pelo excesso de ligações de minha mãe, estaria ali a qualquer momento.
 O procedimento não demorou muito, e eu realmente não estava sentindo alguma dor se quer, eu só queria um copo de água de coco gelada e minha cama com minha câmera, provavelmente meu ferimento na cabeça iria virar obra prima.
- Esse animal – Ouvi meu pai gritando enquanto me dirigia para a diretoria, onde havia me informado meus pais estarem.
- Ele precisa ser expulso! – Gritou minha mãe mais alto.
- Calma Sr. e Sra. Watson eu sei que o que Adam fez não foi realmente necessário, mas a culpa não é dele se a bola bateu no chão e foi em direção de Philipe. Aposto que ele não quis fazer isso.
- Como o senhor pode saber? – Perguntou minha mãe, ela realmente estava furiosa.
- Porque eu tenho vinte meninos que estavam fazendo a mesma aula de Philipe e Adam juntos além é claro de meus treinadores que estavam administrando a aula.
- Licença diretor – Pedi assim que abri a porta.
- Meu bebê – Gritou minha mãe correndo para me abraçar.
- Eu peço desculpas por minha mãe e por meu pai. Acho que Adam não precisa ser expulso e muito menos suspenso, a culpa não é dele se eu não consigo segurar uma bola em movimento.
- Mas...
- Pai já chega, eu só quero ir para casa.
 Meus pais não ficaram muito felizes com o que eu pedi, mas fizeram acho que para me agradar, Donald estava na saída da escola quando eu sai do prédio e ele me desejou melhoras, como Donald fuma minha mãe não gosta muito dele. Adam estava sentado com os amigos da seleção da escola levantou e veio até mim.
 Juro que no momento em que minha mãe segurou sua bolsa de marca ela iria bater nele se ele se aproximasse mais.
- Você esta bem? – Perguntou Adam assim que parou em minha frente me fazendo parar também.
- Sim – Disse olhando para meus pais que olhavam para Adam com uma cara não muito amiga. – Eu encontro vocês no carro.
- Seus pais devem estar me odiando agora – Disse ele olhando para meus pais.
- Sim, um pouco, quase que você é expulso da escola – Disse enquanto olhava para meu tênis.
- Espero que isso não aconteça de novo.
- Eu também espero que não, ao menos isso me serviu de algo.
- Em que isso pode te servir? – Perguntou Adam um tanto intrigado.
- Não vou ter de fazer educação física por muito tempo.
- Não é tão ruim assim.
- Para mim é pior do que repetir o ano – Disse um tanto tímido, eu e Adam nunca nos falamos tanto assim, ele andava com os populares e eu com Donald que era dito como rebelde da escola, nós só nos falávamos em sala quando precisávamos de algo ou quando sem querer nós caímos nos mesmo grupo para projetos e trabalhos.
- Imagino – Disse Adam um tanto confuso com o meu horror a esportes – Sinto muito de novo, espero que fique melhor.
- Obrigado, e relaxa, eu não vou deixar eles te expulsarem.
- Conto com você – Disse ele fechando os punhos, colocando-os em minha frente.
 Aposto que minha mãe não entendeu isso como um toque de colegas que estavam se despedindo pela cara que ela fez dentro do carro, mas logo que eu toquei o punho fechado de Adam com o meu e entrei no carro depois ela percebeu que aquilo era coisa de adolescente. Que não batem.

 Os dias foram se passando normal, via Adam agora com mais frequência, eu não entendia o porquê eu ainda não havia percebido que ele estava em todas as aulas comigo e ainda voltava no mesmo ônibus do que eu para casa, ele era tão barulhento e popular que era quase impossível eu ainda não ter percebido aquilo.
 Incrivelmente eu não sabia por que eu estava me ligando mais a ele, meu baque de cabeça provavelmente estava me deixando um tanto mais confuso com relação a mim mesmo, o jeito que meu coração ficava quando o via, o jeito que eu me pegava olhando para ele enquanto ele sorria.
- Esta começando a babar – Disse Donald enquanto nos direcionávamos para fora da escola umas três semanas depois de meu baque.
- Do que você esta falando? – Perguntei um tanto intrigado.
- O jeito que você olha para ele – Disse Donald olhando para onde Adam estava sentando junto com o time da escola.
 Nossa escola ficava em frente a uma praça que aparentemente estava quase fazendo parte dela porque sempre que éramos liberados íamos para li, ou quando estávamos em nosso intervalo acabamos naquela praça. Donald estava acendendo um cigarro quando sentamos em um dos bancos que ficava bem de frente para onde Adam e os meninos estavam sentados.
- Isso é idiotice sua – Disse olhando para Donald que tragava o cigarro.
- Claro que não, esqueceu que meu irmão é gay e que eu não tenho nada contra, eu sempre suspeitei de você, mas nunca quis falar porque isso poderia acabar com nossa amizade, mas da para ver como você olha para ele.
- Cala a boca Donald, isso não é verdade, eu não sou gay e muito menos estou apaixonado por Adam – Disse levantando do banco com raiva, que coisa mais estupida de se dizer.
 Deixei Donald gritando atrás de mim e entrei no ônibus que por sorte havia acabado de chegar. Sentei em qualquer lugar e fiquei olhando para Donald que ainda estava sentado olhando para o céu enquanto já quase acabava o seu cigarro.
- Ônibus cheio hoje – Disse Adam sentando ao meu lado.
- Oi? – Perguntei encarando ele – a, nem havia percebido, acho que ele sempre é assim e nós nunca percebemos.
- Isso é verdade – Disse ele dando de ombros enquanto colocava os fones de ouvido.
 Adam estava sentado ao meu lado e era mais do que impossível olhar para ele, o sol estava coberto de nuvens naquele dia mas mesmo assim ainda dava para ver os olhos escuros de Adam, o seu queixo quadrado e o nariz afilado, a boca um tanto avantajada com os lábios grossos sussurrando provavelmente a musica que estava tocando no seu Ipod, ele olhou para mim e eu acabei fingindo que estava olhando para o outro lado do ônibus, e então ele virou, seus cabelos encaracolados estavam tão perfumados que me deu vontade de toca-los.
 Eu estava ficando louco. – Foi isso o que eu pensei durante todo o percurso do ônibus – Ou era a conversa com Donald que havia aberto minha mente para o que eu estava reprimindo e eu nem sabia.
 Encostei a cabeça na janela do ônibus e fiquei olhando o asfalto, acabei caindo no sono durante o percurso.
- Philipe? – Ouvi Adam me chamar.
- Oi? – Perguntei um tanto sonolento, depois me tocando que estava deitado no banco do ônibus.
- Cara, acho que você passou de sua casa, só reparei que estavas aqui ainda agora, o final da linha do ônibus já acabou.
- E porque você esta aqui? Que merda Adam você não me chamou, porra, eu vou ter de voltar andando. Que merda!
- Calma cara – Disse ele assim que o ônibus parou nos portões antes de entrar na garagem.
- Calma nada, estou bem longe de casa – Disse olhando para fora, a única coisa que eu conseguia ver era uma casa que ficava a uns bons metros do estacionamento dos ônibus.
- Temos que descer – Adam falou levantando.
- Ótimo, o motorista não pode me deixar em casa, o que mais pode acontecer? – Perguntei assim que sai do ônibus depois de suplicar para o motorista que voltasse para me deixar.
 No momento que eu acabei de perguntar começou a chover intensamente.
 Adam olhou para mim e começou a rir e isso começou a me irritar, eu fiquei bem de frente para ele e acabei dando um soco em sua cara. Ele ficou me olhando por um tempo e quando ameaçou me bater sai correndo.
 Não sabia o porque de ter feito aquilo e eu sabia que eu estaria realmente ferrado quando Adam me alcançasse, e isso iria acontecer em breve, mas talvez o que pensei e o que Donald me falou me fizesse fazer aquilo. Eu já estava perdendo o folego e sentia meu corpo fazendo de tudo para me parar mais não podia parar.
 Mas a pista estava ficando muito escorregadia pela intensa chuva e meu corpo acabou cedendo e eu acabei caindo, não sabia se Adam ainda estava atrás de mim, mas vi que ele também caiu quase ao meu lado e veio se rastejando até mim, ele me deu um soco na cara também e depois seu outro.
- Seu merda, quem você pensa que é para me bater? – Perguntou Adam levantando o punho para mim pela terceira vez.
 E não sei de onde tirei forçar mais o empurrei de cima de mim e fui para cima dele, batendo nele de novo, acertando apenas dois socos quando ele conseguiu me virar de novo. E acabamos assim, virando e socando um ao outro até que paramos todos enlameados e ensanguentados perto da casa, bastante cansados.
- O que você tem na cabeça? – Perguntou Adam quando se sentou ao meu lado colocando a mão na boca que estava sangrando.
- Você me irritou – Disse olhando para ele ainda deitado no chão – Desde que eu abri a cabeça estou assim, temperamental demais, me desculpa.
- Acho que tudo bem, eu fiz isso em você – Disse ele, nós dois estávamos tremendo.
- Vamos entrar – Disse olhando para a casa.
- Ela esta a venda – Disse Adam – Eu moro aqui perto, vamos para a minha casa.
- Ela é longe, eu não consigo enxergar outra casa tão perto, e estou congelando.
- Como vamos entrar? – Perguntou Adam assim que paramos enfrente da porta trancada.
- Pensei que sabia arrombar portas – Disse olhando para ele – Você é popular.
- E o que isso tem haver? – Perguntou ele olhando para mim enquanto eu procurava meu estojo em minha mochila toda encharcada.
- Sei lá, pensei que faria muito isso – Disse dando de ombros enquanto tentava abrir a porta como Donald havia me ensinado a algum tempo atrás.
- Como você sabe fazer isso? – Perguntou Adam assim que a porta se abriu.
- Ande com o Donald e você saberá bastantes coisas.
- O seu amigo drogado?
- Sim, o meu amigo drogado, algum problema?
- Calma cara – Disse Adam erguendo os braços como se estivesse se rendendo. – Pensei que você fosse um cara do bem, um nerd aparentemente.
- Eu enlouqueço quando algo dá errado, isso também pode acontecer com você.
- Sim – Respondeu ele olhando a casa. – Não deveríamos estar aqui.
- O que esta esperando? Alguém nos matar? – Perguntei enquanto olhava minha mochila, por sorte ela era impermeável, e tudo ali dentro estava seco ou apenas um pouco úmido.
- Sim – Disse ele jogando a mochila, também encharcada no chão.
 Eu continuava a tremer, talvez porque minha camisa estava completamente encharcada, a tirei e fui andando até a cozinha, assim que cheguei a pia, espremi a camisa e pude ver uma cora um tanto escura saindo dela, depois fui até o banheiro que por sinal ficava ali perto e percebi o estado de meu rosto, por sorte Adam não abriu nenhum ponto de meu rosto e aparentemente a única parte que havia ficado roxa era a do meu supercilio e por sinal estava doendo bastante.
- Como você esta? – Perguntei assim que entrei na sala com a camisa na mão.
- Estou bem – Disse ele também sem camisa espremendo ela ali na sala mesmo.
- Droga Adam, agente vai ter de limpar a sala.
- Acorda agente vai ter de limpar a casa toda, você deixou pegadas – Disse ele mostrando as pegadas que eu havia deixado e nem havia notado.
- Merda – Disse suspirando – Cara, isso ta feio.
- O que? – Perguntou ele olhando para mim assustado.
 Aproximei de Adam e segurei seu queixo tentando pegar o pouco de luz que entrava pela janela, eu havia conseguido abrir um corte em seus lábios e ele estava sangrando e seu rosto estava um tanto roxo no lado esquerdo. Tentei, inutilmente, limpar meu dedo em minha calça e passei em seus lábios, ele gritou e tentou se livrar de mim, mas não deixei, eu precisava cuidar daquilo.
- Vamos à cozinha – Disse começando a guia-lo até a cozinha.
- Eu estou bem – Implorou ele quando o encostei ao balcão.
- Cala a boca – Disse pegando minha mochila, tirando o remédio que o medico havia passado a mim caso o meu corte voltasse a sangrar, por sorte minha mãe nunca me deixava sair sem ele de casa.
- O que é isso? – Perguntou Adam.
- Cicatrizante – Disse espirrando em seus lábios.
 A cor do rosto de Adam passou por muitas cores até chegar no vermelho, foi quando ele berrou e começou a tentar me esmurrar, só que incrivelmente acabei segurando seus pulsos antes, não sabendo de onde tirava tanta força para com Adam. Seu corpo era muito malhado e cheio de divisões, mas ele não era bombado, ele era apenas dividido, ainda continuava magro como eu.
- Porra! – Gritou ele tentando se livrar de mim.
- Desculpe não sabia que doía tanto – Disse depois de perceber que ele estava mais calmo o soltando.
- Droga – Xingou ele se afastando de mim, olhando na janela depois – Ela parece que nunca vai passar.
- Temos apenas que aguardar – Disse olhando para minhas calças pingando. Eu ainda estava morrendo de frio.
 Tirei o tênis e depois a calça espremendo-a depois na pia de novo. Adam também fez o mesmo e ficou apenas como eu de cueca, Já estava anoitecendo e eu sabia que não demoraria tanto para meu celular tocar.
- Philipe? – Chamou Adam da sala.
- Oi? – Respondi enquanto tentava encontrar algo para comermos na cozinha.
- Acha que essa lareira funciona? – Perguntou.
- Tem uma lareira ai? – Perguntei voltando correndo para a sala, eu realmente não havia percebido que havia lareira ali. – Acho que sim, não custa tentar.
- Eu tenho fósforos.
- Por quê?
- Eu fumo de vez em quando.
- Sabia que não deveria jugar muito a capa pelo livro.
- Como assim?
- Nada, acende logo essa merda, eu estou congelando aqui só de cueca.
 Não demorou muito para Adam acender a lareira e como eu sabia que não iria encontrar nada para comer ali resolvi me sentar junto a Adam em frente e lareira, eu realmente estava congelando, colocamos nossas roupas perto da lareira para ver se secavam mais rápido também.
 Adam estava com o rosto apoiado nos joelhos, e os braços abraçando as pernas contra o corpo, fiquei o admirando percebendo que seu corte estava bem melhor e havia parado de sangrar, ele olhou para mim e sorriu.
- Acho engraçado, não consigo ficar com raiva de você – Disse ele.
- E porque ficaria? – Rebati.
- Você abriu meu lábio. Isso não basta?
- Acho que não, você já deve ter feito coisas piores.
- Não fiz...
- Tá, eu sei. – Disse ironicamente voltando a olhar para ele.
-... Mas já pensei em fazer – Disse ele me encarando.
- Como assim, já pensou em matar um cara? – Perguntei parecendo perplexo.
- Não – Respondeu ele olhando depois para o chão.
- Então o que? – Perguntei ainda o olhando - Já sei, já pensou em roubar a namorada do seu melhor amigo.
- Não, isso – Disse ele vindo para cima de mim.
 Eu só podia estar sonhando, os lábios de Adam estavam contra os meus, sua língua estava invadindo minha boca com selvageria, como se estivesse a fim de fazer aquilo desde que aprenderá a fazer, seu corpo estava sobre o meu e sua mão estava puxando meu corpo para junto com o seu, me tirando um pouco do chão, sua vontade estava me deixando excitado e realizado, ele estava fazendo exatamente o que eu queria. O que eu estava querendo.

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