domingo, 14 de outubro de 2012

R.A.V.E - Capitulo Quatro

Fantasia é uma droga.

- Porque estamos aqui? – Foi Sam quem perguntou assim que descemos do taxi e olhamos para Wren.
- Preciso cobrar uma divida, e vocês, minha vadias, vão aproveita-la comigo.
- Porque eu acho que isso não vai ser boa coisa? – Perguntou Ted encarando o lugar.
 Realmente era uma boa pergunta a se fazer, o local era escuro e bem fedido, fedia a mijo e provavelmente era um ponto de drogas, julgando os mendigos ali perto. A minha única pergunta era a de Sam, porque estávamos ali e porque Wren teria assuntos a tratar naquele lugar tão repulsivo.
 A pergunta foi respondida assim que adentramos o local, dentro era completamente o oposto de fora, o ambiente era realmente iluminado, talvez pelo fato de ainda não estar aberto, já que por ser uma boate de streapers deveria estar um pouco menos iluminado, com as paredes de veludo vinho e alguns postes  de polidance, eu realmente queria entender qual seria a graça daqueles homens tão bem sucedidos irem aquele lugar para ver mulheres nuas requebrando encima daqueles palanques.
- Wren meu amigo, quanto tempo não lhe vejo – Falou o barman do outro lado do balcão assim que avistou nós quatro ali dentro.
- O chefe esta ai? – Perguntou Wren indo para mais perto do balcão.
- Sim, ele mandou você entrar assim que chegar – Disse o barman.
 Wren seguiu para tras do balcão e nós ficamos ali, sentados olhando para o local em que nos encontrávamos.
- O que será que ele esta aprontando dessa vez? – Perguntou Sam encostando ao balcão.
- Queria saber, espero que não seja encrenca, eu quero muito viajar depois de amanha.
- Será que a Lea vai? – Perguntou Ted olhando para os polidances, aposto que ele estava desejando ficar ali até o lugar abrir para presenciar os shows.
- Provavelmente – Disse Sam.
 Ficamos em silencio por um tempo, acho que ninguém queria falar com Ted sobre Lea e sobre o seu amor por ela e a sua vontade de que ela fosse conosco para ele provavelmente ficar com ela por um tempo a sós em uma praia.
 Recebi uma mensagem de Lewis e Sarah perguntando onde estávamos e porque estávamos demorando tanto. Por ser sexta feira e estar se aproximando de um feriado prolongado de ano novo estávamos nos reunindo na casa de Wren, já que nem todos iriam poder ir conosco.
- Você sabe como o Leo esta? Não consigo falar com ele – Perguntou Sam assim que percebeu que estava com o meu celular.
- Ele esta se virando bem, existe miojo e cigarro barato – Respondeu Ted por mim com um sorrisinho estranho no rosto – Mas a minha casa ainda esta inteira pelo menos.
- Que bom – Disse olhando para Sam sem entender.
- Onde esta o Wren? Porque ele não volta? – Perguntou Sam agora já impaciente.
- Ele já deve estar voltando querida – Disse o Barman atrás de nós, havíamos esquecido que ele estava ali.
- Você sabe o que ele esta fazendo ali dentro? – Perguntou Sam virando para o barman.
- Sim, ele fez um favor ao seu primo e agora esta pegando a recompensa – Disse o barman enquanto passava um pano nos copos – Vocês querem alguma coisa?
- Não, obrigado – Respondi pelos meninos que provavelmente aceitariam, mas algo naquele barman não estava me deixando confortável, assim como o local.
 Por sorte minha impressão estava errada porque Wren saiu 10 minutos depois com uma mochila que ele não carregava quando entrou na sala, ele falou algo com o barman antes de nos tirar daquele lugar, mas não respondeu o que estava fazendo ali até chegarmos a sua casa.
 As chaves estavam com Lewis então tivemos que esperar alguém abrir para nós, foi Ronny que abriu a porta com um copo de cerveja numa mão e um cigarro na outra. Dava para perceber que a festa já havia começado sem nós. Jonnhy e Leona também estavam ali e eles haviam trazido as cervejas, Sarah estava sentada conversando com Lea no sofá e ambas viram nos cumprimentar quando entramos na sala. Lewis estava na cozinha e apenas acenou para nós de lá.
- Agora, vamos ao que interessa – Disse Ted olhando para Wren e para a mochila.
- Tudo bem, meu primo é traficante e meio que eu achei uns caras que deviam para eles com o computador da faculdade, vai ver eles são burros demais por colocar endereço em redes sociais, e quando meu primo foi cobrar a divida os caras estavam com uma droga nova no mercado.
- Sim e o que tem dentro da bolsa? – Perguntou Leona curiosa.
- É a nova droga, meu primo provou e disse que eu merecia dividir com meus amigos porque ela é muito louca – Disse ele colocando a mochila na mesa, abrindo depois.
 Dentro da mochila havia algumas folhas realmente escuras e um tanto empoeiradas, pareciam velhas, iguais àquelas que caem no outono.
- E porque você aceitou?
- Acho que ela seria boa para nós comemorarmos hoje – Disse ele com uma cara convencida.
- Ela esta toda suja – Disse Sarah olhando para a mochila.
- Não, é a combinação do pó com as olhas que deixa o efeito mais radical.
- Radical quanto? – Perguntou Lewis voltando da cozinha mastigando.
- Ele me falou que é alucinógena. E que eu precisava experimentar.
- E o que estamos esperando para fazer isso? – Perguntou Sam pegando algumas folhas da mochila.
- Eu pego a seda – Disse Ronny indo até sua mochila.
 Sarah não parecia muito feliz com aquela ideia, ela não era muito o tipo de pessoa que se drogava com os amigos, mas nos sustentava e até fumava alguns cigarros comigo, mas apenas eu sabia disso, ela não queria perder essa imagem, o problema mesmo acho que seria Sam provar, e sabendo como Sam era eu imaginava que ela seria a primeira a provar.
 Assim que Wren acendeu o primeiro cigarro saiu uma fumaça um tanto negra do bolado e apenas aquilo já nos deixou embriagado, e o cigarro foi passando para cada um de nós.

 Acordei e já estava claro lá fora, isso era bom, pelo menos eu havia sobrevivido a seja lá o que fosse aquilo, eu queria muito tomar sorvete, provavelmente havia sonhado com aquilo, assim que sentei na cama olhei para o lado e vi Ted deitado em uma cama que não costumava estar no meu quarto, ele estava dormindo feito um bebê, chegava até a sorrir durante o sono.
- Ted? – Chamei, mas parecia que minha voz estava longe, pois quase não a escutei.
 Peguei meu travesseiro e bati em Ted para que ele acordasse, quando ele o fez seus olhos não estavam mais azul, estavam pretos e ele sorriu.
- Que merda é essa? – Perguntei olhando para ele.
- O que foi? – Perguntou ele assustado também se levantando.
- Seus olhos – Disse apontando para eles.
- O seu está preto, e dai?
- Isso é estranho – Disse – Onde estamos?
- Na faculdade, onde mais poderíamos estar? – Perguntou Ted me olhando como se eu fosse algum retardado.
- Como assim? – Perguntei olhando para ele, não estávamos na casa do Wren?
- Você bebeu? – Perguntou ele olhando para mim – Serio isso é preocupante. Vou tomar banho, temos que ir daqui à meia hora.
- Como assim? – Perguntei olhando para ele sem entender.
 Tudo bem aquilo estava me assustando, levantei e fui até a janela, porque tudo estava tão cinza lá fora? Onde eu estava? Quer dizer, era de manha, isso é verdade, mas uma manha cinzenta, e porque aquele lugar parecia um quartel, se era uma universidade porque não haviam pessoas porres jogadas na calçada? Porque que tinha um policial fardado?
- você esta louco? – Perguntou Ted, ele estava fardado, na verdade aquele uniforme era estranho – Não podemos dar na telha, eles não podem desconfiar o que vamos fazer hoje.
- Do que você esta falando? – Perguntei encarando Ted sem entender.
- Como você não lembra? – Perguntou Ted agora parecendo preocupado comigo – Foi você que fez o plano todo.
- De que merda você esta falando?
- Veste logo o seu uniforme, temos que descer.
 Abri o meu armário e percebi que ele não tinha nenhuma roupa que eu naturalmente visto, apenas uniformes e alguns chapeis vermelhos, foi quando eu vi o bracelete e o broche que estavam em minha roupa eu percebi o que estava acontecendo, só poderia ser um sonho e eu realmente queria acordar dele de uma vez por todas.
 Eu e Ted descemos assim que terminei de me arrumar, encontramos com Jonnhy, Lewis e Wren em formação bem a frente de nosso corredor.
- Finalmente, as meninas estão do outro lado do pátio.
- Como isso é possível? – Perguntei olhando para eles.
- Ele acordou assim hoje, ele nem lembra quem ele é.
- Do que esta falando? – Perguntou Jonnhy parecendo aflito – Precisamos matar ele na nossa primeira oportunidade.
- Mas mulheres são historicamente impossíveis de habitarem esse lugar – Disse assim que abriram nossa porta.
- Formação! – Gritou o supervisor. Os quatros levantaram o braço direito e gritaram – Hi Hitler.
 Acho que todos ficaram tensos porque eu não fiz, mas então eu levantei meu braço, por sorte o oficial não viu, ele não era supervisor, e sim um oficial de nosso batalhão, eu só não entendia porque aquilo estava acontecendo, ou melhor, o que iria acontecer depois. Saímos em caminhada e então vimos Sarah, Leona, Ronny e Lea do outro lada, todas estavam com roupas formais, saias e terninho por cima, o que era estranho, onde estaria Sam?
- Concentra Vile – Disse Wren ao meu lado assim que as meninas se posicionaram ao nosso lado.
 Foi então que eu o vi entrando com Sam no palanque, eu só não estava entendo porque ela estava com os braços algemados e com o uniforme listrado, então ele se posicionou e todos levantaram os braços de novo e gritaram. Ele levantou o braço assim como nós e então sorriu.
- Estamos aqui de novo – Disse ele, só que não em alemão e sim em francês – Para matar aqueles que se opuseram as minhas escolhas no passado, eu sabia que não demoraria muito para eles morrerem, assim como essa garotinha.
- Eu não sou uma garotinha, eu sou mais homem do que você – Disse Sam cuspindo na roupa de Hitler.
- Ousada – Disse ele olhando para nós sorrindo.
- Não sou covarde em assumir a minha homossexualidade como você – Disse Sam.
 Pude ver que Hitler não ficou muito satisfeito com o que ela havia falado, deu-lhe um tapa no rosto que a fez cuspir sangue, julgando pelo estado de Sam eu sabia que ela não havia apanhando apenas naquele momento.
- Que merda é essa? – Perguntei olhando para Wren ao meu lado.
- O sacrifício de Sam, ele voltou de onde estava congelado para nos escravizar, ele ainda tem seguidores, e estamos aqui para combatê-lo.
- Como? – Eu realmente estava começando a ficar estressado, que merda era aquela.
- O Hitler conseguiu voltar ao poder, agora ele se aliou as mulheres e a qualquer pessoa que pense que os diferentes são coisas ruins, estão escravizando eles, e aqueles que lutam para fugir acabam ali para morrer – Disse Jonnhy ao meu lado.
- E porque nós estamos aqui? – Perguntei olhando para eles.
- Nós estamos disfarçados – Disse Wren – Temos que manda-lo para o inferno de onde ele veio. Você não lembra que nos encontramos ontem para discutir isso?
- Claro que não – Disse.
- Ainda sabe como usar sua espada? – Perguntou Lewis.
- Espada? – Perguntei agora aflito – Que espada?
- Agora – Disse Wren.
 Ocorreu uma explosão e vi todos olharem para onde estávamos, na verdade aqueles que não foram atingidos pela explosão nos olharam, os outros apenas saíram para bem longe de onde estávamos agora nós oito estávamos posicionados um do lado do outro, cada um com uma espada e agora com roupas e capacetes de cores diferentes, Lewis de Azul, Wren de preto, Eu de Vermelho, Jonnhy de Branco, Sarah e roxo, Lea de Rosa, Ronny de laranja e Leona de Amarelo. Estávamos parecendo os power rangers.
 O primeiro a se movimentar foi Wren ele estava segurando uma rede parecida com a de um gladiador, só que ela estava magnetizada, ele correu para alguns nazistas a nossa direita o cercando com sua rede, fazendo alguns ficarem completamente torrados, Lewis pegou o seu arco e flecha e começou a disparar contra os soldados que estavam encima se preparando para nos atacar, Jonnhy pegou o seu bumerangue e começou a lançar contra os nazistas a nossa volta, o bumerangue possuía laminas afiadas e podia se ver os soldados caindo sangrando, Sarah abriu asas parecidas com a de fada e voou em direção a irmã e Hitler com sua comitiva soltando ondas que pareciam algas que se prendiam a quem queria lhe deter, Leona e Ronny saíram correndo para proteger a amiga que estava voando, uma com um facão e outra com facas pequenas mas bem ages na mão de Ronny e Lea ficou ao meu lado com uma foice.
- Onde esta sua espada? – Perguntou ela a minhas costas enquanto alguns nazistas se aproximavam de nós com armas de fogo.
- Como eu faço para aparecer a minha espada? – Perguntei olhando em volta eles se aproximando, eram muitos.
- É só falar, espada venha para mim.
- ESPADA VENHA PARA MIM! – Berrei e algo metálico se materializou em minhas mãos. Era bem pesada, e tinha duas laminas bifurcada, aquilo não podia estar acontecendo.
- Droga, eles só estão se multiplicando, nunca vamos salvar a menina do pijama listrado.
- Isso não é um livro?
- Um o que? – Perguntou Lea partindo para cima dos soldados, eles começaram a atirar mais o jeito que ela se esquivava era bem rápido, e às vezes sua foice conseguia ricochetear algumas balas.
- Como você faz isso? – Perguntei ainda imóvel, percebendo que as balas que vinham em minha direção não me perfuravam.
- Você me ensinou – Disse ela parecendo surpresa – Primeiro você fala em livros, que merda é essa? – Perguntou ela atravessando com sua foice dois soldados de uma só vez.
- Esquece – Disse começando a correr em direção aos soldados.
 Estava começando a entender como se manuseava uma espada e o jeito que ela passava pelo corpo dos nazistas e o cheiro que eles exalavam depois estava me deixando feliz, e isso era estranho.
 Nós fomos aproximando um do outro no local onde Ronny e Leona estavam, e percebi que Sarah estava caída e Ronny e Leona estavam sofrendo para protegê-la, pois quase todo o resto dos soldados estava em volta delas. Nós fomos chegando um a um onde eles estavam e fomos derrotando os soldados lentamente, só que esses eram diferentes quando eles se machucavam começavam a quebrar feito vidro. Nos reunimos e ficamos olhando para ver se vinham mas soldados.
 Quando olhamos para onde Hitler estava ele estava com um pedaço de madeira não mão, aparentava ser uma varinha, e ele mexia a boca rápido demais não dando para identificar o que ele estava falando.
- Droga ele esta conjurando os robôs de gelo.
- Os o que? – Perguntei.
 Então entendi o que eles queriam dizer, olhei para os pedaços de vidro que começavam a rastejar até os corpos dos soldados que havíamos acabado de matar, eles iam se grudando ao corpo dos soldados caídos e então começavam a se unificar, parecerem armaduras, e os corpos começaram a se levantar.
- Merda – Ouvi Wren falar.
 Eles eram rápidos e começaram a nos lançar bolas de fogo e mesmo com a roupa que estávamos elas começaram a machucar depois que ficaram intensos, mas Sarah começou a falar coisas estranhas atrás de mim e as bolas de fogo agora esbarravam em uma bolha grande de sabão.
- Que merda é essa? – Perguntei.
- A bolha de sabão que Sarah esta fazendo. – Disse Ronny.
- Sabão? Serio?
- Esta bem fraca, ela foi atingida assim que encostou em Hitler – Disse Leona se ajoelhando ao lado da amiga.
 Sarah estava com a mão encima de um corte que ia ficando preto nas extremidades e que a fazia se contorcer de dor, mesmo assim ela ainda estava fazendo aquela bolha de sabão para nos proteger.
- Ela não vai sustentar por muito tempo, preparem-se – Ouvi Lewis dizendo virando para onde os soldados, agora mais perto, nos lançavam bolas de fogo.
 Assim que a bola de sabão se desfez um robô pulou encima de mim e a ultima coisa que eu me lembro de ter o ouvido dizer foi “I love you” como aqueles ursinho enquanto ele quebrava meu capacete.

 Acordei com a cabeça apoiada no colo de Lea. Com uma dor forte na cabeça.
- Que merda – Sussurrei para mim mesmo.
- Isso é muito alucinógeno – Disse Sarah para mim, percebi que ela era a única que estava sentada olhando para o mesmo cigarro que Wren havia bolado para nós, acho que ela foi a única que não tragou.
- Estou me sentindo muito mal.
- Imagino, todos estavam falando coisas estranhas, eu fiquei realmente assustada, acho que você foi o único que tragou uma única vez, acho que foi por isso que acordou.
 Olhei para o lado e meus amigos estavam todos jogados no sofá e no chão, eles pareciam bem perturbados, os olhos fechados e as mãos tremendo, parecia que eles estavam tendo convenções, mas todos estavam sorrindo.
- Você deve comer alguma coisa – Disse Sarah largando o cigarro encima da mesa.
- Eu estou faminto.
- O Tate ligou para você então você sonhava – Disse Sarah apontando para o meu celular encima da mesa. – Mas não atendi, estava com medo dele pensar que vocês estavam morrendo.
- Eu acho que estou, serio isso foi muito estranho – Disse alisando meu rosto – Eu acho que nunca mais vou provar recompensa alheia.
 Eu e Sarah ficamos na cozinha ouvindo os gemidos do pessoal, eles pareciam realmente estar gostando da fantasia que a droga estava dando para eles, eu só não queria que Wren levasse aquilo para a nossa viajem, se não algum muito ruim iria acontecer com o alguém, julgando o estado em que Sam apareceu na cozinha.
 Seus olhos estavam negros, não o branco, mas parecia que a pupila havia ocupado toda a ires, se isso era possível, e ela sorriu para nós de um jeito estranho, se largou na cadeira e encostou a cabeça na mesa e começou a vomitar ali mesmo, eu e Sarah ficamos apenas olhando aquilo, eu realmente não queria mais aquilo.


Um comentário:

LMajorTom disse...

eu quero essa folha cara,pqp,só pensei em sucker punch